segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Equilíbrio Emocional e Gestão

“Vivemos em uma época perigosa. O homem domina a natureza, antes que tenha aprendido a dominar a si mesmo.”Albert Schweitzer – Francês, Teólogo, médico, escritor, prêmio Nobel da Paz.

Vivemos num universo do trabalho que se caracteriza pela multidisciplinaridade e, principalmente no que tange ao universo do trabalho, o melhor recurso, aquele sem o qual nenhuma empresa é capaz de se erguer ou sustentar por longo tempo, é o recurso que cria, que sente, que observa e induz, que é capaz de surpreender e se desenvolver sempre, o recurso humano. Então como trabalhar esse material, como desenvolvê-lo para que esteja sempre se superando quando a única certeza que podemos ter sobre as pessoas é a de que elas são totalmente diferentes?

João quer um aumento de salário, Pedro férias prolongadas, Marta gostaria de uma sala maior, Sônia uma placa com seu nome, Rubens gostaria que seu chefe olhasse nos seus olhos, lhe apertasse a mão e dissesse com franqueza “bom trabalho”. Seres humanos são diferentes, suas perspectivas, desejos e expectativas também.

Compreender a personalidade dos funcionários ajuda os administradores e conselheiros das organizações a aproveitar as diferenças individuais para facilitar o trabalho em equipe, para favorecer o desenvolvimento das competências e melhorar o desempenho.

Trabalhando a psique no ambiente de trabalho

O ambiente de trabalho não deve ser apenas o ambiente em que se materializa o produto que se espera comercializar, mas principalmente o espaço onde o produtor se torna cada vez mais apto e interessado em produzir constantemente novas idéias, projetos e concepções dentro do que se espera dele.

O ambiente de trabalho é ambiente de aprendizado, principalmente para a mente. Grande parte da carga emocional que nos impulsiona e nos desafia a aprender se apresenta nesse ambiente. Não seria interessante utilizá-lo conscientemente para esse fim?

A estabilidade emocional do funcionário

Segundo Rolland in L’évaluation de La personnalité: le modèle en cinq facteurs (2004), o fator “estabilidade emocional” se relaciona com um sistema de percepção da ameaça, real ou simbólica, e com a reatividade a essa ameaça. Essa reação a ameaça, a instabilidade que se cria para reagir à real ou imaginária ameaça, é composta pelas dimensões a seguir:

  • Ansiedade
  • Cólera
  • Depressão
  • Timidez social
  • Impulsividade
  • Vulnerabilidade ao estresse

As pessoas que apresentam maior estabilidade emocional apresentam geralmente uma atitude calma e ponderada. Na linguagem corrente, diz-se que essas pessoas sabem guardar seu “sangue-frio” nas situações estressantes. No limite, elas podem parecer despreocupadas e indiferentes diante dos acontecimentos.

Certos ofícios ou profissões exigem um nível particularmente elevado de estabilidade emocional; é o caso dos bombeiros, dos policiais, do pessoal que trabalha com emergências em hospitais, dos soldados, professores da rede pública que trabalham em comunidades dominadas pela criminalidade etc.

As pessoas em que esse traço está pouco presente têm, pelo contrário, tendência a ter em vista o pior, a se preocupar com tudo e por uma ninharia, a ter uma imagem pouco valorizada delas mesmas e tendem a experimentar, com freqüência, afetos negativos tais como o medo, a vergonha e a tristeza. Da mesma forma, essas pessoas seriam mais propensas a vivenciar a angústia psicológica.

O convite à aventura

“A viagem da descoberta consiste não em achar novas paisagens, mas em ver com novos olhos.” – Marcel Proust. Escritor, autor de Em busca do tempo perdido.

A abertura para a experiência corresponde, de modo geral, ao interesse pela novidade. Embora este fator seja, muitas vezes, associado à inteligência, os dois termos não são sinônimos. A abertura para a experiência pode corresponder às fantasias, à estética, aos sentimentos, às ações e às idéias.

As pessoas de espírito muito aberto têm vários campos de interesse e procuram experiências novas. Elas preferem, de longe, a mudança à rotina. Muitas vezes podem ser percebidas como excêntricas ou rebeldes.

Indivíduos pouco abertos à experiência, pelo contrário, são atraídos pelas atividades concretas e práticas. Dada sua preferência marcante pela estabilidade, essas pessoas podem parecer rígidas.

Amabilidade e competição
A amabilidade é uma dimensão que serve para regular a tonalidade das relações e das trocas com o outro. As dimensões da amabilidade são:

  • Confiança no outro
  • Retidão
  • Altruísmo
  • Complacência
  • Modéstia
  • Sensibilidade aos outros

As pessoas caracterizadas por um alto nível de amabilidade mostram-se sensíveis às necessidades e às preocupações dos outros, mostram-se cooperativas e conciliadoras. Elas também são percebidas como pessoas doces e amigáveis. No limite, essas pessoas podem ter dificuldade para se defender no meio de um grupo.

Quanto às pessoas pouco agradáveis, muitas vezes podem expressar-se de forma egocêntrica e pouco empática. Elas se caracterizam, igualmente, por algum grau de frieza e agressividade. Em geral elas privilegiam um approach competitivo nos seus relacionamentos.

O caráter consciencioso

Este último caráter corresponde à assiduidade, à organização e à perseverança nas condutas orientadas para um objetivo. Este fator seria constituído pelas seguintes dimensões:

  • Competência
  • Organização
  • Sentido do dever
  • Procura do êxito
  • Autodisciplina
  • Deliberação

As pessoas muito conscienciosas atribuem uma importância muito grande ao êxito. Elas valorizam, notadamente, a pontualidade, os esforços e a disciplina. Quando esse fator é muito marcado, a pessoa pode ser percebida como muito aferrada ao trabalho, cheia de melindres e rígida.

Pelo contrário, um indivíduo muito pouco consciencioso dificilmente suportará as obrigações impostas pelo trabalho e tenderá a deixar para mais tarde as tarefas mais difíceis. Esses indivíduos serão percebidos pelas pessoas conscienciosas como tendo dificuldades para respeitar seus compromissos e como pessoas pouco confiáveis.

Identificar cada um desses padrões – em nós mesmos e nos nossos funcionários, e aprender em quais pontos podemos nos desenvolver para formarmos não apenas a concepção melhor de quem somos perante nós mesmos e nossas vidas, mas diante dos desafios do trabalho no mundo atual – é tarefa primordial de cada um de nós e um desafio salutar, enobrecedor e capaz de equilibrar, de forma dinâmica e intensa, nossas emoções, pensamentos e ações.

Renato Kress,
Diretor do Instituto Atena

Para equilíbrio emocional conheça:
A Jornada do Herói

Para gestão inteligente de recursos humanos conheça:
Estratégia em Ação (Módulo básico)
Liderança Corporativa e PNL

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