quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A importância de criar o caminho

Você já se interessou por budismo, kung-fu, yoga ou meditação zen? Já quis ler "A Arte da Guerra" de Sun Tzu ou o "Tao de Ching" de Lao Tsé? Cada vez mais entramos em contato com tradições alheias à nossa raiz ocidental, talvez por um desgaste de nossas interpretações sobre nós mesmos, talvez por uma necessidade de complementaridade simbólica entre ocidente e oriente, às vezes por uma fuga da atmosfera competitiva, agressiva, pró-ativa de nossa cultura contemporânea. Seja qual for o motivo de nosso interesse nas culturas de nossos irmãos do outro lado, em geral tendemos a querer enxergar neles uma pureza ou uma ancestralidade que não é real.

Novas Perspectivas
Quando nosso dia a dia nos leva a querer meditar, fazer yoga, aprender técnicas de controle respiratório para um melhor circulação do "prana" ou ampliar a percepção do nosso "ki ou chi" através de artes marciais percebemos que estamos indo em direção a um caminho já traçado anteriormente e nos interessamos por outras culturas, outras concepções de um mundo visto por outros olhos.

Fascínio
Em especial fascinam a nós, ocidentais, as derivadas do extremo oriente - Índia, China e Japão - e então temos a impressão de estarmos falando de "tradições espirituais" ou "conhecimentos milenares" de uma forma mais "pura", como se elas nos chegassem diretamente, sem as intervenções e modificações que fazem a nós, ocidentais, perdermos algum contato com o que chamaríamos de "raizes".

Cada vez mais nos voltamos para a leitura de obras como o "Mahabharata", a epopéia indu da batalha pelo controle do mundo, ou "O livro dos cinco anéis" do mestre espadachim japonês Miyamoto Musashi, "A arte da Guerra" do General chinês Sun Tzu, o "Tao te Ching" do filósofo chinês Lao Tsé ou os aformismos de outro filósofo chinês, Kung-fu-tsé (Confúcio). Até aí tudo bem, na verdade tudo ótimo! Ampliar nossa leitura da realidade é o que efetivamente nos faz desenvolver formas alternativas de ver e reagir ao mundo, nos torna mais criativos e surpreendentes, seja na vida pessoal ou no trabalho. O problema está em procurarmos viver caminhos que não são os nossos ao invés de integrar sabedorias milenares em nosso contexto contemporâneo.

O problema da pureza
Buda (o símbolo no peito é indu)
Ao buscarmos tradições oriundas do oriente é comum esquecermos que elas também se interligam, interpenetram e confluem. Mais comum ainda é nos esquecermos de que é justamente essa interligação e confluência que caracteriza a obra dos grandes mestres aos quais recorremos. Por exemplo, no introdução do livro dos cinco anéis Miyamoto Musashi escreve: "...Escalei a montanha Iwwato Higo, em Kyushu, para homenagear o céu, rezar para Kwannon e ajoelhar-me diante de Buda." Só nessa frase, no primeiro parágrafo de sua obra, já especifica interferências de três leituras religiosas distintas! 

1) "...homenagear ao céu..." - Homenagear ao céu significa homenagear a "Ten", divindade oriunda do Xintoísmo. Xinto -uma palavra composta pelos ideogramas "Kami" (Deus) e "Michi" (caminho) - é a antiga religião do Japão.
Kwannon (lembra alguém?)

2) "...rezar para Kwannon..." - Kwannon é a deusa da misericórdia numa leitura japonesa do budismo,  recheada de santos.

3) "...ajoelhar-me diante de Buda..." - Essa passagem já fala claramente do Budismo japonês, mais reverente à figura do Buda que o indiano, que compreende "o Buda dentro de cada um de nós".

Musashi é um grande mestre da espada e da estratégia e tinha plena consciência de que as diversas tradições espirituais ou filosóficas com as quais entrou em contato ao longo de sua vida nada mais eram do que ferramentas para que ele criasse o próprio caminho. Ele só pôde ser Musashi porque não se preocupou em ser Kwannon, Buda ou Kami. Ele é um mestre porque cria o próprio caminho e porque o vive com intensidade e honra. Se não sempre uma honra socialmente viável, ao menos uma honra interna, uma fidelidade a si mesmo.

Treinamentos culturais
Quando estudamos tradições da Índia, China e Japão dentro do curso A Arte da Guerra Oriental no Instituto ATENA estudamos com a perspectiva de criarmos nosso próprio caminho, de executar nossa jornada pessoal para que possamos buscar bases instrumentais num universo diverso do nosso. Só assim poderemos criar e obter resultados mais criativos, inovadores e eficientes. Do contrário ficaríamos presos seja nos nossos referenciais ocidentais, seja na busca por uma "essência" oriental e não deixaríamos a "energia fluir" entre esses dois pólos, como nos ensina, por exemplo, tanto o Taoísmo chinês, quanto o Phrana e a teoria do atman indianos.

Mac Iluminação
Nós ocidentais estamos, em geral, muito mal acostumados com a idéia do "ready-made" do "fast-food" e, em geral, o que nos ensinam os grandes mananciais nos quais vamos beber quando nossa sede de saber não é alimentada por nossos "pocket-books" existenciais, é que todos os caminhos estão prontos, menos o nosso. O caminho de Sun Tzu na China quinhentos anos antes de Cristo ou o de Maquiavel na Itália em 1500 depois de Cristo são caminhos que foram interessantes e úteis a seus autores (menos para o italiano que morreu pobre e sem fama do que para o venerado e rico general chinês) em suas épocas. Cabe a nós observarmos o que podemos apreender desses caminhos para a nossa vida e para o nosso contexto. O uso que se fez no ocidente do símbolo no peito da estátua de buda na figura acima, por exemplo, foi um uso de responsabilidade da mente ocidental, mas podemos fazer coisas maravilhosas e transcedentais também em nossas vidas, afinal sobre oriente e ocidente não cabem adjetivos como "melhor", "pior", "bom" ou "ruim", apenas "diferente" e, nesse caráter, enriquecedor. Só assim, operacionalizando nosso crescimento através da compreensão de perspectivas novas poderemos empreender a jornada que nenhum grande mestre de nenhum tempo pode fazer por nós.

Oriente Ocidente
A raiz dos termos "Oriente" e "Ocidente" tem a ver com o movimento do sol, nascimento e morte do dia. De fato "oriente" vem da mesma raiz que a palavra "origem", e "ocidente" vem de "ocidere" a palavra latina para "morrer". Podemos sempre deixar que nossas idéias, nossos projetos e trabalhos se banhem e nasçam em outras terras, mas não podemos deixar de observar que elas devem "morrer", encontrar seu fim, seu término, aqui, no nosso solo, no nosso contexto, na nossa vida cotidiana. Isso é criar o próprio caminho.

Renato Kress
Diretor do Instituto ATENA

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Estratégia Social XXIII

Melhor ser intensivo que extensivo

Baltasar Grácian: A perfeição não está na quantidade, mas na qualidade. As coisas muito boas sempre foram poucas e raras; a abundância traz desvalorização. Mesmo entre os homens, geralmente os gigantes são os verdadeiramente anões, alguns elogiam o livro por seu volume, como se fossem escritos para exercitar os braços, e não a cabeça. A extensão por si só nunca nos leva além da mediocridade, e a sina dos homens universais pelo desejo de tudo entenderem é não serem versados em nada. A intensidade leva à excelência, e em assuntos de grande importância é heróica.

ATENA: Existe uma harmonia que se empreende naturalmente quando nossa meta é bem definida. Quem estrutura radicalmente (a partir da raiz) sua meta, compreende em que pontos disciplinas e habilidades em outros campos do saber podem servir como instrumentos para se ampliar o espectro de visão sobre essa meta ou para acelerar a obetnção dessa meta. Quem bem conhece sua meta empreende a jornada instrumentalizando vários saberes de outras áreas, mas nunca perdendo de vista seu lugar, sua formação-base e seu foco. A partir daí a "quantidade" de habilidades diversas simplesmente converge para um único ponto. Isso é estratégia. O resto é como Gracián escreveu: "...a sina dos homens universais pelo desejo de tudo entenderem é não serem versados em nada."

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Kendô e Zen - O caminho da espada e o fluxo da vida



Extratos do texto "Arte, disciplina, vontade", do CD que integra o treinamento 'A Arte da Guerra Oriental'

"(...) O caminho da espada é o ensinamento moral dos samurais, incentivado pela filosofia confucionista, que moldou o sistema da era Tokugawa e pelo xintoísmo, religião natuva do japão. Os tribunais de guerra do japão do período Kamakura ao período Muramachi encorajavam o austero estudo Zen entre os samurais, que era intimamente ligado às artes da guerra. No Zen não há elaborações; ele visa diretamente a verdadeira natureza das coisas. Não existem cerimônias nem ensinamentos: a recompensa Zen é essencialmente pessoal. Iluminação, no Zen, não significa estritamente uma mudança no comportamento, mas sim uma percepçào profunda da natureza da vida comum. O ponto final é o começo e a grande virtude é a simplicidade.

Dessa forma podemos compreender como as etapas para obter a maestria em qualquer habilidade - incompetência inconsciente (sequer sei que não possuo tal habilidade ou conhecimento), incompetência consciente (sei que não possuo tal habilidade ou conhecimento), competência inconsciente (sei que possuo tal habilidade e conhecimento) e finalmente competência inconsciente (não sei explicar como, mas simplesmente possuo tal habilidade e conhecimento, ela faz parte de mim - nível de maestria) - já estavam imersas no cotidiano desses guerreiros há mil anos, considerando o período Kamakura, iniciado em 1185.

(...)

O ensinamento secreto da escola Kendo Itto Ryu, Kiriotoshi, é a primeira entre cento e poucas técnicas. É o ensinamento conhecido como "Ai Uchi", que significa golpear o oponente na hora em que ele golpeia você. É a alocação perfeita de tempo, é a ausência de ira. Significa tratar o inimigo como um 'convidado de honra'. deixando que ele tome a iniciativa. Significa também abandonar a própria vida ou, menos metaforicamente, abandonar o medo.

É a isso que chamamos "senso de oportunidade", a noção tão reta e "natural" de executar uma ação que é quase como se ela não fosse executada, mas apenas seus efeitos se encaixam no contexto modificando a confluência de forças em movimento em prol do seu objetivo e não do objetivo do oponente. O objetivo do oponente não é sequer considerado, apenas o fato de que o nosso objetivo ocorrerá primeiro e de forma mais natural, fluídica e poderosa.

(...)

A primeira técnica é a última, o iniciante e o mestre comportam-se do mesmo jeito. O conhecimento é um círculo completo. O primeiro capítulo da obra de Miyamoto Musashi, o "Livro das Cinco Esferas" ou Livro dos Cinco Anéis, é a Terra, como base do Kendô e do Zen, e o último livro é o Vazio, que é a compreensào, que só pode ser expressa como o 'nada'.

A princípio isso pode parecer complexo e pouco prático, não? Bem, eu o convidaria a pegar um carro e dar uma volta pensando nisso. Se você fosse capaz de dar a volta no quarteirão pelo menos, só pensando exclusivamente nessa frase acima, é uma indicação de que você já compreendeu o ensinamento sobre a Terra e o Vazio. Afinal, dirigir é uma habilidade prática (terra), que você introjetou a ponto de executar com maestria suficiente para poder deixar sua mente livre (Vazio) para pensar em outra coisa enquanto executa aquela habilidade. Maestria é isso e um pouco mais. É essa habilidade funcional primária que se torna uma maestria- uma segunda natureza - e, simultaneamente, é também uma habilidade em que você se torna pleno de potencialidades, o espaço do improviso, da sublimaçào da técnica, do 'vazio' como espaço pleno de potencialidades criativas e ações naturais orientadas pela técnica, que já não é técnica e passa a integrar a nós mesmos como um todo íntegro.

Os ensinamentos do Kendô são como os ferozes ataques verbais a que o estudante zen deve se sujeitar. Assaltado pela dúvida e pela dor, com a mente e o espírito tumultuados, o estudante é gradualmente conduzido pelo mestre à percepçào e à compreensão. O estudante de Kendô pratica furiosamente milhares de golpes dia e noite, aprendendo técnicas violentas de horríveis combates, até a espada tornar-se 'não-espada' e a intenção tornar-se 'não-intenção', simplesmente conhecimentos espontâneos de todas as situações.

É essa a essência de qualquer treinamento, aprender, tornar uma habilidade ou conhecimento 'naturais', 'inerentes', 'parte integrada' da pessoa. É essa a essência dos treinamentos ATENA"

Renato Kress
Diretor do Instituto ATENA

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Estratégia Social XXII

Descobrir o ponto fraco de cada um

Baltasar Grácian: A arte de influenciar a vontade do outros envolve mais habilidade que determinação. É preciso saber qual a porta de acesso. Cada vontade tem seu foco de interesse; varia de acordo com o gosto. Todos são idólatras: uns da estima, outros do dinheiro, e a maioria do prazer. A manha consiste em identificar os ídolos capazes de motivar os indivíduos. É como possuir a chave do querer alheio. É preciso atingir a motivação básica, que nem sempre consiste em algo elevado e importante. A maioria das vezes é mesmo muito baixo porque no mundo existem mais desordenados do que disciplinados. Primeiramente, avalie a índole; então toque no ponto fraco. tente-o com o objeto de sua afeição e infalivelmente dará xeque-mate no seu arbítrio.

ATENA: Suponhamos que a minha mente seja um país e que a tua mente seja outro país. A única forma de transladar uma idéia, um projeto, um sentimento para os territórios da mente alheia é conhecer-lhe bem a topografia, os costumes das gentes do lugar, seus valores e crenças. Entre a minha mente e a mente do outro há sempre uma divisão gigantesca que pode ser galgada por encruzilhadas ou atalhos. É conhecendo o outro, importando-nos com o outro, realmente nos interessando pelo outro que podemos mesmo levar algo para ele, quando ele se voltar para retribuir nosso interesse. Observe cautelosamente, aproxime-se de mãos estendidas. O abraço foi criado não só para aconchegar o peito, mas para mostrar as mãos nuas de armas. Para que você possa ser aceito, quando exportar tuas idéias para um país vizinho, procure ser bem visto nesse país, conhecer-lhe os valores e a quais deuses (interesses) os nativos de lá prestam homenagem.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Trabalho e realização pessoal - uma visão estratégica

Você está satisfeito? Melhor: Como você se sentiria se estivesse? Satisfeito ou incomodado? Alcançar a satisfação é entrar no que o discurso do mercado chama de “zona de conforto”. Essa tal “zona de conforto” opõe-se, no discurso pseudo-administrês/economês, à uma outra tal “zona de ação”, onde (em teoria) tudo é criado, pensado, produzido.

Nessa lógica perversa, sentir-se satisfeito, feliz, realizado, curtir o mérito ou o êxito pelos seus esforços é passível de culpa, penalização e ridícularização.

Ser insatisfeito é pertencer

A insatisfação é um estado de carência, de falta de alguma coisa, cujo suprimento se exige. Geralmente é uma expressão do que o ser humano precisa absolutamente para conservar e desenvolver a sua vida.

Existem necessidades primárias, fisiológicas, como a alimentação, a reprodução, a excreção, o sono e as necessidades secundárias, adquiridas ao longo da vida como necessidade de conforto, pertencimento social e afeto. Alguns chamam de necessidades instintivas e espirituais, outras de primitivas e intelectuais. A lógica é a mesma.

Saciedade, satisfação ou felicidade?

A saciedade é o estado de quem se saciou, é a fartura, é a satisfação plena de um apetite qualquer que nos deixa a sensação de estarmos repletos daquela questão, daquele ponto, daquele objeto. Podemos sentir isso claramente no quesito apetite. Não importa o quanto propagandas, diretas ou indiretas possam falar, mostrar ou musicalizar sobre determinado alimento, se estamos realmente satisfeitos, aquilo pode vir mesmo a nos causar nojo, asco, irritação.

A satisfação já opera num grau mais elevado. Está ligada ao contentamento, à alegria, ao deleite, ao aprazimento. Geralmente ocorre como uma sensação de reconhecimento ou recompensa por algum esforço. É uma espécie de retribuição bem coordenada por alguma espécie de mérito.

E a tal felicidade? A felicidade, símbolo máximo dos longos e musicalizados comerciais de banco e companhias de seguro, é um estado de ventura, de grande e inegável contentamento com algum bom êxito ou sucesso ou mesmo com a boa sorte em algum aspecto da vida, cujo sentimento de realização opera em todos os campos e se alastra incluindo e influenciando nossa vida em outras áreas alheias à área em que nos sentimos pela primeira vez “felicitados”.

Se o homem do início do século XX era “um cadáver adiado que procria” (Machado de Assis), o homem contemporâneo é uma felicidade adiada que produz.

A noção de saúde

Em 1948 a Organização Mundial da Saúde redefiniu o conceito de “saúde” para: “estado de completo bem-estar físico, mental e social, não meramente a ausência de doença ou enfermidade.”. Saía de cena o modelo biomédico de uma saúde exclusivamente orgânica, ligada à sobrevivência do indivíduo e entrava em vigor um modelo holístico, em que a – muito falada e pouco definida - “qualidade de vida” se tornava um valor forte para a o indivíduo.

Isso não se deu de forma arbitrária e sem nenhuma ordem crítica ou científica. Os estudos, principalmente nas áreas da psicologia e do comportamento, enfatizavam as relações entre a mente e o corpo. Todo o quadro científico da época era muito propício a essa mudança no conceito de saúde:

. Os estudos sobre “estresse” operados nos ex-combatentes da Segunda Guerra Mundial.
. Os estudos sobre integração e reintegração social
. Os estudos sobre capacidade afetiva de enfrentamento da realidade, seja dentro ou fora do contexto de guerra. (existiam dificuldades dos dois lados).
. Os estudos sobre o “sentido de coerência” interna do sujeito, na direção da narrativa que coordena sua vida. (Antonovsky)
. Os estudos sobre a “sucetibilidade generalizada” (o que chamaríamos popularmente de “cabeça-fraca”). (Marmot, Shipley e Rose)
. Os estudos na área do comportamento organizacional, efetuados por Elton Mayo, Kurt Lewin e Abraham Maslow.

Além da Pirâmide, os estudos de Maslow

Abraham Maslow, que, ao contrário do que ensinam a maior parte dos livros e cursos que se utilizam de forma superficial de sua teoria, nunca criou nenhuma pirâmide hierárquica com os termos que separou e estudou em vida, dizia que a auto-realização – o sentimento de crescer e desenvolver-se como indivíduo – era em si se não o maior, um dos maiores motivadores para o ser humano.


Da mesma forma a contínua tentativa de aumentar o controle sobre o comportamento do indivíduo gera (no ambiente do trabalho, por exemplo) uma rigidez gerencial excessiva que tende fortemente a levar o funcionário à apatia e desinteresse. O ideal, caso desejássemos uma atividade que efetivamente engajasse e motivasse o funcionário, seria operar com algum grau de flexibilidade.

A solução perversa

Com a prova científica de que o controle crescente gera boicote direto ou indireto, a solução do discurso do trabalho – viciado em poder e controle – foi “introjetar” o controle, colocar ele dentro da cabeça do trabalhador, criar uma espécie de fortalecimento de um “superego*” gerencial e cultural do “empreendedor”, do capaz, do potente, do líder, do vencedor. Com o controle operando “a partir de dentro”, com a responsabilidade deixada a cargo do trabalhador, teoricamente, ele poderia sentir-se mais livre para desenvolver seu potencial dentro do que lhe é pedido, das tarefas que tem de executar. Mas o que ocorre efetivamente é que muitas vezes ele perde o sentido do trabalho, se sente cada vez mais desligado do significado do que faz e se torna mais e mais incerto, inseguro e tenso em relação a si e às suas capacidades, afinal, pedir conselho, assumir qualquer dúvida ou insegurança é provar-se indigno do cargo que ocupa, ineficiente, inepto, incapaz, seguidor, inferior. Essa lógica perversa aniquila a saúde mental e física do trabalhador.

Mais do que qualquer processo externo de coerção gerencial, a autocrítica e a autocensura, aniquilam a auto-estima e geram as mais diversas patologias mentais e físicas. Há um provérbio ruandês que diz: “Você pode se distanciar de quem está correndo atrás de você, mas não do que está correndo dentro de você.”

Nenhuma criatividade

O mecanismo é simples e até mesmo antigo. Na Grécia Antiga tínhamos a classe dominante dos “Aristói”, dos aristocratas. “Aristói” é uma palavra grega que vem de “Areté”, que significa “ser o melhor”, “qualidade dos melhores” ou “superioridade”. Daí o termo “Aristocracia” ou “governo dos melhores”, “dos superiores”, “dos líderes naturais” etc. Parece familiar?

Hoje em dia o discurso do trabalho procura unir, de forma perversa, o conceito do Aristói grego, do “melhor”, do “líder”, do “vencedor” ao conceito de mérito. Até aí tudo bem: se um determinado indivíduo efetivamente é mais capaz que seus concorrentes em dado momento, que lhe seja permitido, depois, viver seu mérito e gozar do fruto de seus esforços. Nada mais justo, aliás. O problema real é que há muitos seguidores para um líder, muitos derrotados para um vitorioso, e é nesse ponto que se opera a perversidade da instrumentalização da vergonha dos demais, dos “não vencedores”, dos “não líderes”, dos “não pró-ativos” como forma de dominação introjetada, de dentro para fora.

As exigências absurdas desse super-ego fabricado, catalisador do trabalho e castrador das expectativas de retorno e satisfação é que geram uma insatisfação crescente.

Prisão emocional

Os valores do super-ego do trabalho contemporâneo: combatividade, agressividade, assertividade, competitividade, eficiência, eficácia, controle emocional, pró-atividade e liderança tendem a gerar uma sociedade emocional e psiquicamente imatura, viciada em projetar sua satisfação no futuro, culpabilizada pela satisfação gerada por seus sucessos e dependente das ofertas de pertencimento e sentido de vida disponíveis no Mercado.

Se eu pretendo que minha empresa vá ser estrategicamente dirigida e que prime pela inovação e pela criatividade (a única forma sustentável de ser competitivo), não posso ter funcionários com esse perfil. Não posso admitir novos funcionários com esse perfil e não posso permitir que os antigos permaneçam assim. A única forma para conseguir ir além dessas limitações é treinar meu funcionário para que aja e pense e forma diferente desse padrão e encorajá-lo a se interessar efetivamente pelo que é criado ou oferecido na minha empresa, tendo sempre a noção de que ninguém se interessa a troco de nada e de que alguma troca deve ocorrer dentro da escala de valores, do que é importante, para o meu funcionário. Deve haver alguma espécie de recompensa sem culpa embutida.

Liberdade

O primeiro passo para sair dessa prisão psíquica é olhar para trás e estranhar. Estranhar nossas decisões e os critérios que levaram a elas, estranhar nossos incômodos e as forças que agem por trás deles, estranhar nossa insatisfação e perguntar: Eu estaria realizado se estivesse satisfeito? Ou eu estaria tenso, irritadiço, inseguro, na “zona de conforto”?

Mais importante de tudo é questionar a si mesmo: Meus estudos, minhas horas de dedicação e esforço, minhas noites em claro, foram para que eu vivesse essa tensão eterna entre estar insatisfeito por não ter cumprido com alguma meta ou, por outro lado, estar inseguro, irritadiço e tenso por cumprir determinada meta, pensando que o prazer de se sentir satisfeito é algo pelo qual eu deva sentir vergonha?

No fundo o que mais conta é que a escolha sobre a sua vida é, sempre, sua.

Renato Kress,
Diretor do Instituto Atena

Sobre desenvolvimento do conceito de “eu”, da personalidade e criação de um estado pessoal de recursos para a batalha do dia-a-dia:
A Jornada do Herói

Sobre administração e gestão estratégica:
Estratégia em Ação – módulo básico

Sobre alternativas à lógica perversa do trabalho, estratégias e táticas inovadoras:
A Arte da Guerra Oriental

Sobre Liderança inteligente:
Liderança corporativa e PNL



Superego: Sistema que representa motivos morais (família, comunidade, trabalho). Princípio de moralidade que cerceia e limita nossas condutas. As funções do superego são: estabelecer um sistema de valores e integração do ego-ideal (deveres, exigências, ordenamentos e proibições), direcionar os comportamentos e atitudes por este sistema de valor e, principalmente, excluir atitudes e modos de comportamento que não correspondem ao ideal imaginado através da autocrítica e da autocensura.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Estratégia Social XXI

O bom entendedor

Baltasar Grácian: Saber argumentar foi outrora tido como a suprema arte. Hoje não basta. Temos de adivinhar sobretudo nas questões que podem nos enganar. Não pode ser entendido aquele que não é bom entendedor. Há videntes do coração e linces das intenções. As verdades mais importantes se exprimem sempre por meias palavras; só os atentos as compreendem totalmente. Nos assuntos que parecerem favoráveis, puxe as rédeas de credulidade. Nos odiosos, use as esporas.

ATENA: Dentre os pressupostos da programação neurolingüística o mais sábio é o que nos remete à compreensão e à tolerância do outro: "O Mapa não é o território". Nossa compreensão do mundo é um "mapa" da realidade, moldada por nossas percepções, nossas vivências. O mundo, a realidade em si, só pode ser captada por nossos sentidos, por nossa visão, audição, tato, paladar e olfato. Damos ênfases diferentes a essas "vias de acesso" da realidade à nossa mente e essa ênfase é o que determina nossa representação da realidade. Não agimos sobre a realidade em si, agimos em relação à nossas representações da realidade e o erro que nos remete à incompreensão do outro, em geral, é considerar que o nosso "mapa" da realidade é o "território", a realidade em si. Compreender que nossa visão de mundo não é a única viável, nem "a" verdade absoluta é o que nos possibilita crescer na compreensão do outro e incentivar que esse outro tenha interesse em nos compreender.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Estratégia Social XX

Temperar a imaginação

Baltasar Grácian: Devemos ora refreá-la, ora estimulá-la. Toda felicidade depende da imaginação, e esta deveria ser temperada pelo bom senso. Às vezes ela se comporta como um tirano. Não lhe bastando especular, toma conta de nossa vida, a qual torna agradável ou desagradável, tornando-nos infelizes ou satisfeitos demais conosco mesmos. A alguns causa só desgosto, pois a imaginação é um algoz dos tolos. A outros promete felicidade e aventura, alegria e vertigem. Ela pode fazer tudo isso, se for temperada pela prudência e pelo bom senso.

ATENA: A imaginação é a porta para a dscoberta. Tudo o que hoje é foi antes um dia pensado. Desde uma cadeira, uma casa, a idéia de justiça ou ao amor romântico, tudo foi criado pelo homem, cuja mente é mais dinâmica e criativa que o mundo que o cerca. A imaginação é a passagem para universos incríveis ou para divagações inúteis. A melhor forma de dar vazão à criatividade, é justamente balizá-la como um rio, um fluxo contínuo balizado pela realidade factual e a "verdade" constituída em uma margem e todo o espectro das possibilidades da vida humana, na outra. O trabalho contemporâneo é trabalho criativo, para o qual a criatividade é a essência, e para isso ela deve fluir, balizada pela realidade e pela viabilidade.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Equilíbrio Emocional e Gestão

“Vivemos em uma época perigosa. O homem domina a natureza, antes que tenha aprendido a dominar a si mesmo.”Albert Schweitzer – Francês, Teólogo, médico, escritor, prêmio Nobel da Paz.

Vivemos num universo do trabalho que se caracteriza pela multidisciplinaridade e, principalmente no que tange ao universo do trabalho, o melhor recurso, aquele sem o qual nenhuma empresa é capaz de se erguer ou sustentar por longo tempo, é o recurso que cria, que sente, que observa e induz, que é capaz de surpreender e se desenvolver sempre, o recurso humano. Então como trabalhar esse material, como desenvolvê-lo para que esteja sempre se superando quando a única certeza que podemos ter sobre as pessoas é a de que elas são totalmente diferentes?

João quer um aumento de salário, Pedro férias prolongadas, Marta gostaria de uma sala maior, Sônia uma placa com seu nome, Rubens gostaria que seu chefe olhasse nos seus olhos, lhe apertasse a mão e dissesse com franqueza “bom trabalho”. Seres humanos são diferentes, suas perspectivas, desejos e expectativas também.

Compreender a personalidade dos funcionários ajuda os administradores e conselheiros das organizações a aproveitar as diferenças individuais para facilitar o trabalho em equipe, para favorecer o desenvolvimento das competências e melhorar o desempenho.

Trabalhando a psique no ambiente de trabalho

O ambiente de trabalho não deve ser apenas o ambiente em que se materializa o produto que se espera comercializar, mas principalmente o espaço onde o produtor se torna cada vez mais apto e interessado em produzir constantemente novas idéias, projetos e concepções dentro do que se espera dele.

O ambiente de trabalho é ambiente de aprendizado, principalmente para a mente. Grande parte da carga emocional que nos impulsiona e nos desafia a aprender se apresenta nesse ambiente. Não seria interessante utilizá-lo conscientemente para esse fim?

A estabilidade emocional do funcionário

Segundo Rolland in L’évaluation de La personnalité: le modèle en cinq facteurs (2004), o fator “estabilidade emocional” se relaciona com um sistema de percepção da ameaça, real ou simbólica, e com a reatividade a essa ameaça. Essa reação a ameaça, a instabilidade que se cria para reagir à real ou imaginária ameaça, é composta pelas dimensões a seguir:

  • Ansiedade
  • Cólera
  • Depressão
  • Timidez social
  • Impulsividade
  • Vulnerabilidade ao estresse

As pessoas que apresentam maior estabilidade emocional apresentam geralmente uma atitude calma e ponderada. Na linguagem corrente, diz-se que essas pessoas sabem guardar seu “sangue-frio” nas situações estressantes. No limite, elas podem parecer despreocupadas e indiferentes diante dos acontecimentos.

Certos ofícios ou profissões exigem um nível particularmente elevado de estabilidade emocional; é o caso dos bombeiros, dos policiais, do pessoal que trabalha com emergências em hospitais, dos soldados, professores da rede pública que trabalham em comunidades dominadas pela criminalidade etc.

As pessoas em que esse traço está pouco presente têm, pelo contrário, tendência a ter em vista o pior, a se preocupar com tudo e por uma ninharia, a ter uma imagem pouco valorizada delas mesmas e tendem a experimentar, com freqüência, afetos negativos tais como o medo, a vergonha e a tristeza. Da mesma forma, essas pessoas seriam mais propensas a vivenciar a angústia psicológica.

O convite à aventura

“A viagem da descoberta consiste não em achar novas paisagens, mas em ver com novos olhos.” – Marcel Proust. Escritor, autor de Em busca do tempo perdido.

A abertura para a experiência corresponde, de modo geral, ao interesse pela novidade. Embora este fator seja, muitas vezes, associado à inteligência, os dois termos não são sinônimos. A abertura para a experiência pode corresponder às fantasias, à estética, aos sentimentos, às ações e às idéias.

As pessoas de espírito muito aberto têm vários campos de interesse e procuram experiências novas. Elas preferem, de longe, a mudança à rotina. Muitas vezes podem ser percebidas como excêntricas ou rebeldes.

Indivíduos pouco abertos à experiência, pelo contrário, são atraídos pelas atividades concretas e práticas. Dada sua preferência marcante pela estabilidade, essas pessoas podem parecer rígidas.

Amabilidade e competição
A amabilidade é uma dimensão que serve para regular a tonalidade das relações e das trocas com o outro. As dimensões da amabilidade são:

  • Confiança no outro
  • Retidão
  • Altruísmo
  • Complacência
  • Modéstia
  • Sensibilidade aos outros

As pessoas caracterizadas por um alto nível de amabilidade mostram-se sensíveis às necessidades e às preocupações dos outros, mostram-se cooperativas e conciliadoras. Elas também são percebidas como pessoas doces e amigáveis. No limite, essas pessoas podem ter dificuldade para se defender no meio de um grupo.

Quanto às pessoas pouco agradáveis, muitas vezes podem expressar-se de forma egocêntrica e pouco empática. Elas se caracterizam, igualmente, por algum grau de frieza e agressividade. Em geral elas privilegiam um approach competitivo nos seus relacionamentos.

O caráter consciencioso

Este último caráter corresponde à assiduidade, à organização e à perseverança nas condutas orientadas para um objetivo. Este fator seria constituído pelas seguintes dimensões:

  • Competência
  • Organização
  • Sentido do dever
  • Procura do êxito
  • Autodisciplina
  • Deliberação

As pessoas muito conscienciosas atribuem uma importância muito grande ao êxito. Elas valorizam, notadamente, a pontualidade, os esforços e a disciplina. Quando esse fator é muito marcado, a pessoa pode ser percebida como muito aferrada ao trabalho, cheia de melindres e rígida.

Pelo contrário, um indivíduo muito pouco consciencioso dificilmente suportará as obrigações impostas pelo trabalho e tenderá a deixar para mais tarde as tarefas mais difíceis. Esses indivíduos serão percebidos pelas pessoas conscienciosas como tendo dificuldades para respeitar seus compromissos e como pessoas pouco confiáveis.

Identificar cada um desses padrões – em nós mesmos e nos nossos funcionários, e aprender em quais pontos podemos nos desenvolver para formarmos não apenas a concepção melhor de quem somos perante nós mesmos e nossas vidas, mas diante dos desafios do trabalho no mundo atual – é tarefa primordial de cada um de nós e um desafio salutar, enobrecedor e capaz de equilibrar, de forma dinâmica e intensa, nossas emoções, pensamentos e ações.

Renato Kress,
Diretor do Instituto Atena

Para equilíbrio emocional conheça:
A Jornada do Herói

Para gestão inteligente de recursos humanos conheça:
Estratégia em Ação (Módulo básico)
Liderança Corporativa e PNL

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Estratégia Social XIX

Não ter nenhuma imperfeição

Baltasar Grácian: Poucos são os que vivem sem alguma falha moral ou defeito natural, ao qual se entregam quando seria fácil dele se livrar. A prudência alheia vê com pesar um talento sublime, universal obscurecido por um pequeno defeito: uma pequena nuvem eclipsa o sol. Os defeitos são máculas no rosto da reputação e a malevolência as percebe rapidamente. Requer uma grande habilidade transformá-las em brilhos. Desta maneira César soube laurear seu defeito(1).

ATENA: Todos temos defeitos. Estamos sempre desenvolvendo novas habilidades ao longo da vida e em determinados momentos pode acontecer de a ocasião se apresentar antes de termos desenvolvido a perícia ou o talento necessário para lidarmos com ela. O importante nessas horas é poder compreender claramente - saber diagnosticar clara e rapidamente - qual é a qualidade que precisamos desenvolver para podermos passar por aquela situação. Somente conhecendo suas falhas é que você estará apto a aparentar não tê-las. A inconsciência sobre elas as expõe nuas ao mundo. Reconheça-se.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Estratégia Social XVIII

Manter-se bem informado

Baltasar Grácian: As pessoas inteligentes se armam com munição de saber requintado; um saber prático e atualizado. Mais informativo do que vulgar possuir uma dose temperada de ditos espirituosos e de feitos galantes para os utilizar no momento oportuno. Às vezes, o que é dito brincando instrui melhor do que a seriedade. Para alguns, o conhecimento obtido através de uma conversa foi mais valioso do que todas as sete artes, não importando quanto sejam liberais.

ATENA: Em qualquer época a boa informação, vinda de fontes fidedignas e que tenha seus interesses claros, é poder. O pensador político Thomas Hobbes já dizia que "conhecimento é poder", mas conhecimento não é informação - que fique bem claro! Informação é um dado informativo sobre a realidade, esse dado pode ser real ou ficcional, pode ter sido divulgado com diversas formas de interesse e sob as mais diversas "desculpas", a informação pode ser relevante ou irrelevante e a mais rara é a primeira. Já o conhecimento é o dado processado pela mente e útil a algum propósito. Conhecimento é a informação contextualizada e instrumentalizada para um fim prático. Manter-se bem informado, dentro da sua área de atuação, é, entre outras características, saber discernir o que é relevante do que não é, o que é passível de elaboração cognitiva e instrumentalização à favor de alguma meta sua ou não.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

"Tem um tempinho?"

"Nem tudo envelhece, mas tudo morre. Quando nascem e se esforçam por existir, quanto mais depressa crescem para existir, tanto mais se apressam a não existir, tal é a sua condição. Só isso lhes destes, porque são partes de coisas que não existem simultaneamente, e que, desaparecendo e sucedendo-se perfazem juntas um todo de que são partes." – Santo Agostinho, Confissões

O tempo pode ser o mais valioso instrumento de trabalho, proporcionando conforto para a mente criativa ou o pior inimigo, o grande rolo compressor que vai esmigalhar projetos e melhorias e transformar o que deveria ser um processo numa bomba-relógio.

Administrar bem o tempo é uma arte, que vai refletir diretamente no seu desempenho. É importante avaliar a forma como gasta seu tempo a fim de implantar (caso necessário) mudanças capazes de tornar seu dia mais produtivo.

Analise o uso do tempo

Tendemos a crer que gastamos a maior parte de nosso tempo na execução dastarefas mais importantes, no entanto, se fizermos um registro cuidadoso, ficaremos surpresos com o número de atividades supérfluas (ou inoportunas, realizadas fora do momento adequado) ao longo do dia. Hoje em dia é raro, por exemplo, que não dediquemos tempo demais à abertura de e-mail's e correspondências, o que acaba por postergar a execução de tarefas prioritárias. Observe a divisão do seu dia. Você organiza o trabalho a ponto de realizar primeiro o que é mais importante? Ou o que é mais urgente? Se algo era importante e tornou-se urgente já é um claro sinal de que as coisas poderiam caminhar melhor.

Divisão do tempo

Normalmente as tarefas podem ser divididas em três grupos:

1. Rotineiras: elaborar relatórios, abrir e-mail's, responder correspondências.

2. Únicas: organizar uma reunião, criar um port-fólio, fechar uma negociação.

3. Planejamento e desenvolvimento: Fazer novos contatos, elaborar campanhas novas, criar produtos novos.

Claro que a natureza do seu trabalho, como a natureza da sua posição no trabalho, vai definir a melhor forma de alocar seu tempo. Mas uma boa média (atentem para a palavra "média", ela pode e deve variar) seria alocar algo em torno de:

1. 50 a 60% do seu tempo nas tarefas mais importantes. Se você for um gerente, um diretor ou um empresário elas estão no grupo do "Planejamento e Desenvolvimento", caso contrário avalie suas perspectivas.

2. 25 a 30% do seu tempo nas tarefas únicas, afim de diferenciar-se a partir delas. É aqui que o gerenciamento de carreira se estabelece, porque é onde você pode sobressair de forma mais rápida.

3. 10 a 15% do seu tempo nas tarefas rotineiras como abertura de e-mail's e contatos.

Pergunte-se:

a. Reservo tempo e recursos suficientes para o planejamento estratégico e controle geral?

b. Minha mesa está repleta de tarefas não concluídas?

c. Reservo tempo e espaço suficientes para ser criativo e inovador?

d. Delego tarefas rotineiras porém importantes?

e. Aloco tempo suficiente para a busca de novos contatos?

f. Gasto tempo demais em reuniões?

g. Uso eficazmente as redes sociais para alavancar meu trabalho?

Delegando

Ao delegar parte do seu trabalho para outras pessoas você ganha tempo para cuidar de itens mais importantes e valoriza seu trabalho, além de dar a oportunidade de crescimento e maturação profissional a outras pessoas.

Claro que, para cada caso específico devemos pensar e criar nossos próprios critérios, mas podemos esboçar um modelo geral aqui: Divida, se possível, as tarefas em três grupos: supérfluas, que não precisam ser executadas nem por você nem por ninguém; as necessárias, que você pode repassar para terceiros; e as intransferíveis, que só você deve ou pode executar.

Use essa divisão para reduzir as tarefas supérfluas, ampliar a delegação e concentrar-se naquilo que cabe apenas a você. Lembre-se de que o segredo da delegação é o acompanhamento da realização das tarefas.

Brechas

Longos períodos de inatividade – em viagens de avião ou nas ante-salas de uma reunião, por exemplo – em geral são improdutivos. Se você está exausto ou estafado é bom que eles sejam, até. Bom para o equilíbrio da sua mente e das suas funções orgânicas, para o relaxamento e a volta mais harmonizada às questões pertinentes. Mas se não estiver necessitando desse tempo para se reorganizar internamente, que tal utilizá-lo em prol dos seus projetos?

Tenha sempre algum trabalho para fazer nesses momentos. Se precisa dirigir até o trabalho porque não ouvir materiais gravados em fita? O Instituto ATENA aconselha a gravação de palestras do TED como uma boa forma de gerir idéias para futuros trabalhos. Trajetos de ônibus ou de trem podem ser usados para planejar o dia. Aprenda como funciona o "bloco de notas" ou "anotações" do seu celular, ele pode salvar aquele insight matinal no metrô!

Renato Kress,
Diretor do Instituto Atena
Arte em Treinamento Especializado e Neurolingüística Aplicada

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O Processo de Tomada de Decisão

Uma das funções mais importantes da administração é a tomada de decisão. Quando se toma uma decisão a questão da objetividade claramente se coloca. Como podemos garantir a objetividade de uma decisão? No caso em que essa decisão concerne ao trabalho de uma equipe, ou se refletirá nas pessoas, de que maneira se consegue compreender as diferenças de opinião, e como levá-las em conta no momento da tomada de decisão?

Para compreender o mecanismo de tomada de decisão vamos separar o tema central em outros quatro: problema da objetividade, a origem do conhecimento, a percepção e a inteligência (cognição).

Da consciência ao conhecimento

O conceito de percepção está, há muito tempo, vinculado ao problema do conhecimento. Desde a antiguidade, a começar por Platão (427-347 a.C.) e Aristóteles (384-327 a.C.), os filósofos se interrogam sobre algo que constitui uma característica essencial da espécie humana: a busca por conhecimento.

Para Aristóteles os sentidos fornecem os elementos necessários ao conhecimento e a razão os organiza, para torná-los inteligíveis. Segundo essa perspectiva existe o mundo, o dado da experiência concreta, e o julgamento diferente dos seres humanos é a fonte dos erros e mal-entendidos.

Objetividade e subjetividade

Quando se olha atentamente a questão da objetividade e da subjetividade percebe-se que o grande problema reside no fato de se ligar a objetividade à idéia de neutralidade, imparcialidade, verdade única e inteira e, logicamente, compreender-se a subjetividade como arbitrária, desigual e imaginativa. Acabamos transformando a questão em um problema moral, o que não é um passo muito inteligente.

Sabemos que na vida real, no dia a dia, nem tudo é "preto no branco" e mesmo a tal "objetividade imparcial" precisa de uma análise que abarque todas as possíveis variáveis envolvidas no processo decisório e isso é impossível. A objetividade prática é impossível. O que não quer dizer que não seja um bom ideal a ser buscado.

Aprendemos, nos negócios, que toda escolha exige abrir mão de algo em prol de outra coisa – que por algum ou alguns motivos específicos seja mais valioso para nós do que o que estamos abrindo mão - , mas parece que muitas vezes aprendemos isso só para depois enganarmos a nós mesmos crendo que seguimos fazendo várias escolhas lógicas, objetivas e imparciais. Caso essas escolhas existissem não diria que "todos", mas a maioria das pessoas fariam as mesmas escolhas e teriam resultados semelhantes. Sabemos que o mundo não é "preto no branco" assim.

No mundo real temos dois pontos importantes a considerar:

1. Ceticismo radical: Não podemos estar radical e absolutamente certos de coisa alguma (o imprevisto é sempre um fator a se considerar).

2. Senso comum: Podemos estar certos de alguma coisa mesmo que essa certeza não seja absoluta.

A partir dessa consciência é que podemos nos dedicar à tomada de decisão. Afinal, admitir que nossa decisão pode não ser inexoravelmente única e óbvia é abrir caminho para operarmos com novas possibilidades e estarmos mais atentos às mudanças nos quadros estratégicos e nas circunstâncias que envolvem a tomada de decisão. Optar por crer numa objetividade pura e simples é ater-se a uma possibilidade só, empobrecer nossa visão da realidade e buscar um ideal inalcançável. Sem considerar que em geral encurralamos nossas opções.

Adeus às certezas

"O intelecto humano não é luz pura, pois recebe influência da vontade e dos afetos, donde se poder gerar a ciência que se quer. Pois o homem se inclina a ter por verdade o que prefere. Rejeita as dificuldades levado pela impaciência da investigação, a sobriedade, porque sofreia a esperança; os princípios supremos da natureza em favor da superstição; a luz da experiência em favor da arrogância e do orgulho, evitando parecer se ocupar de coisas vis e efêmeras, paradoxos, por respeito à opinião do vulgo. Enfim, inúmeras são as formas pelas quais o sentimento, quase sempre imperceptivelmente se insinua e afeta o intelecto. (...) do mesmo modo, se antes da descoberta do fio da seda alguém houvesse falado: há uma espécie de fio para a confecção de vestes e alfaias que supera de longe em delicadeza e resistência e, ainda em esplendor e suavidade o linho e a lã, os homens logo se poriam a pensar em alguma planta chinesa, ou no pêlo muito delicado de algum animal ou na pluma ou penugem das aves, mas ninguém haveria de imaginar o tecido de um pequeno verme tão abundante e que se renova todos os anos. Se alguém se referisse ao verme teria sido objeto de zombaria, como alguém que sonhasse com um novo tipo de teia de aranha." – Francis Bacon

Segundo Laing (1966) a percepção é fruto de três fatores:

1. Do próprio estímulo
2. Da interpretação do estímulo graças às atividades cognitivas
3. Dos fenômenos psíquicos associados a esse estímulo, como a projeção

Vamos explicar como esses fatores constroem e influenciam a noção de "certeza", necessária para a tomada de decisões. A ilusão da certeza é explicada não apenas no plano psicológico mas também no plano biológico. A consciência gerada pela percepção gera fatalmente o sentimento de objetividade, os três fatores acima explicam esta "ilusão".

Em primeiro lugar nenhum de nós tem consciência de todas as atividades do sistema nervoso e mesmo que tivéssemos não teríamos como contabilizar os dados sensoriais que estimulam os receptores nem do tratamento a que o cérebro submete tais dados.

Em segundo lugar quando percebemos alguma coisa tampouco estamos conscientes da informação já memorizada que se ajunta aos dados sensoriais para completá-los, corrigi-los e lhes dar um sentido. Em outras palavras: não estamos conscientes dos sistemas de representação que são utilizados para construir as imagens presentes em nossas mentes.

Em terceiro lugar não temos consciência dos mecanismos de percepção subliminar que incorporam dados sensoriais à representação mental da situação.

Por que estudar a percepção?

Tomada de decisão

O estudo da percepção leva à compreensão dos fenômenos da consciência, a qual constitui ao mesmo tempo o domínio das crenças e das emoções e, conseqüentemente, da racionalidade das condutas e da afetividade. Todos esses fatores influenciam a tomada de decisões e suas conseqüências. Compreender melhor a percepção possibilita que possamos engendrar de maneira mais estratégica nossas tomadas de decisão e nossas posturas frente a situações novas.

Motivação

O estudo da percepção desvenda as atividades da inteligência e coloca em relevo a riqueza da subjetividade do indivíduo; dessa forma revela as necessidades e os campos de interesse da pessoa e valoriza a lógica de seus comportamentos no contexto em que ela se encontra, facilitando o processo consciente e inteligente de motivação do sujeito.

Os seguintes treinamentos aprofundam noções e técnicas práticas sobre percepção e tomada de decisões:

Arte da Guerra Oriental

Estratégia em Ação – Módulo básico

Liderança Corporativa e PNL

Renato Kress,
Diretor do Instituto Atena
Arte em Treinamento Especializado e Neurolingüística Aplicada

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Incorporação estratégica na rotina

(ou "Quem tem medo da Rotina?")

Por mais que nossa sociedade seja bombardeada pela idéia de fluidez dos meios e da velocidade do fluxo de informações e inovações, a rotina é inevitável. De início podemos pensar nas necessidades humanas de auto-preservação: comer, beber, dormir, e a partir daí rumarmos ao infinito com Maslow e as necessidades inerentes à psique humana: pertencimento, acalanto, segurança etc.

Para além do discurso estrategicamente difundido de que nenhuma rotina é possível - o que serve bem para manter uma atmosfera de inovação infinita e impulsiona a venda de produtos ou idéias – há a estrutura da rotina necessária, seja para a manutenção do aparato orgânico do indivíduo, seja para o funcionamento dos fluxos (também orgânicos) de uma empresa.

A importância do Ritual

Desde a sociedade imperial na Roma Antiga, já se tinha ciência da importância da rotina. Na sociedade romana o mito foi progressivamente esvaziado de significação, enquanto o rito, o ritual começou a ser supervalorizado. Porque isso? Se o mito, a narrativa sagrada, é de origem grega, o rito é de origem latina. Etimologiacamente relacionado ao védico rta, o latino ritus é o exato e correto agir segundo um modelo tradicional rigorosamente determinado. Ele se define em relação a seus opostos: o adjetivo in-ritus, “não-fixado”, “vão”, “sem eficácia”; e o advérbio in-rite, “inutilmente”, “sem eficácia”; sendo assim o rito é a ação eficaz por excelência. E o que é a rotina, senão um ritual diário?

Em uma cultura como a romana, orientada no sentido linear da história e não no sentido cíclico da passagem mítica do tempo, e, portanto, orientada pela ação humana, é óbvio que o rito, o ritual, tenha que assumir uma posição privilegiada e tornar-se uma gramática simbólica, baseada em signos e ações, como também objetos e espaços.

Seja dentro de um universo corporativo gigantesco, seja dentro de uma pequena empresa, a cultura local é que determina os signos, ações, objetos e espaços que alavancam o pertencimento e a atmosfera do trabalho. Por isso é importante saber identificar e trabalhar com essa cultura.

A rotina inteligente

Se a rotina é inevitável e o mundo continua em perpétua mudança, como adequar essas duas realidades? Como já foi dito antes, a idéia de que a rotina é impossível porque não se adéqua a um universo de aceleração crescente das novidades, processos, políticas e idéias serve apenas para criar uma desestabilização necessária para vender a possível estabilidade na forma produtos, cursos, políticas, campanhas. Não se pode vender soluções sem que haja problemas, é preciso trancar a porta para valorizar a chave.

Agora me questiono: o que ocorreria se deixássemos, obrigatoriamente, uma margem de manobra dentro da rotina? Que tipo de eficiência seria possível se, entre os processos gerenciais, inseríssemos um espaço necessário e rotineiro para a reestruturação da própria rotina? O que aconteceria se fôssemos obrigados, pela própria rotina, a observar nossa rotina em terceira pessoa e ver, ao invés de “nós” e “aqui”, “eles” e “lá”? Muito da lógica dos produtos de consultoria está imersa nessa questão de “ver de fora”, “ver em terceira pessoa”, porque é natural para os consultores, é a única visão possível, a princípio.

O que aconteceria, por exemplo, se efetuássemos uma perpétua revisão de nossas rotinas em comparação com as rotinas de nossos concorrentes ou parceiros? Talvez uma competitividade mais inteligente – visto que poderíamos comparar resultados e lógicas intrínsecas ao invés de simplesmente mimetizar processos que dinamizam o trabalho dentro de uma cultura corporativa diferente e talvez não funcionem dentro da nossa – talvez uma nova gestão que incorpore a mudança sem se desestabilizar e se ver necessitada das soluções vendidas pelos criadores de problemas.

Ferramentas inteligentes

A programação neurolingüística possui ferramentas que possibilitam tanto a incorporação estratégica da problematização dos processos gerenciais rotineiros com vias ao aprimoramento constante, quanto à criação de modelos gerenciais com a flexibilidade necessária à adequação dentro da cultura específica da empresa.

No Instituto ATENA, o curso Estratégia em Ação aborda especificamente esses temas, com soluções práticas e dinâmicas para uma implementação direta e eficaz, ignorando as armadilhas comuns do Mercado e a dissonância cognitiva e o atordoamento e perda de referenciais provocados propositalmente por ela.

Renato Kress,
Diretor do Instituto Atena
Arte em Treinamento Especializado e Neurolingüística Aplicada

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Estratégia Social XVII

Regra para se ter sorte

Baltasar Grácian: A sorte tem suas regras, e para os sábios ela não é tão cega. A sorte conta com a ajuda do esforço. Alguns se contentam em se colocar confiantes à porta da deusa, esperando que ela aja. Outros são mais sensatos, e vão além com audácia cautelosa. Amparada pela coragem e pela virtude, a audácia espreita a sorte e a adula com determinação. Quem pensar direito, porém, terá eficazmente um único plano de ação: virtude e prudência; pois a sorte e o azar se acham na prudência ou na precipitação.

ATENA: A regra para se ter sorte baseia-se num único princípio, natural à toda vida humana, de que o estágio em que vivemos - afetivo, profissional, pessoal, familiar - é uma preparação para desafios maiores num estagio futuro. O bem responder a um desafio é abrir caminho a outros maiores, a maiores missões a maiores méritos. Dessa forma a única regra possível para mantermos a sorte ao nosso lado é a preparação constante, o afiar eterno da lâmina durante as batalhas. A prontidão - habilidade de estar alerta e concentrado no foco do que se almeja - é a garantia de que a sorte, quando vier, será reconhecida e nos abraçará. Preparação, prontidão, treinamento constante, essa é a chave.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Estratégia Social XVI

Nascer na época certa

Baltasar Grácian: Os sujeitos de qualidades extraordinárias dependem do tempo em que vivemos. Nem todos tiveram a época que mereciam, e muitos que tiveram não souberam aprovietá-la. Alguns mereceram tempos melhores, pois nem tudo o que é bom triunfa sempre. Todas as coisas têm suas estações, até os valores estão sujeitos à moda. Mais o sábio tem uma vantagem: é eterno. Se este não é seu séculos, muitos outros serão.

ATENA: Saber apreciar o próprio valor é algo que integra o caráter dos grandes heróis de todos os tempos. Compreender a real dimensão, micro ou macro, dos esforços cotidianos, é o que dá verdadeira voz interior e força de vontade para a realização das mais extenuantes tarefas. Saber antecipar o que está além, quais os valores envolvidos e o tamanho da recompensa - seja no âmbito que for - que advém. Algumas causas valem determinados sacrifícios, não é tanto uma questão de cálculos, como uma questão de valores, eixo da verdadeira liderança.

Estratégia Social XV

Não despertar expectativas

Baltasar Gracián: Aquilo que é muito celebrado raramente preenche a grande expectativa. Nunca o real pode alcançar o imaginado, porque devanear perfeições é fácil, difícil é consegui-las. O casamento da imaginação com o desejo concebe as coisas sempre muito melhores do que elas são de fato. Por maior que seja a capacidade, ela nunca será suficiente para satisfazer o preestabelecido, e aqueles que forem enganados pela expectativa exagerada são levados mais rapidamente à decepção do que à admiração. A esperança é a grande falsária da verdade; o bom-senso deve corrigi-la, procurando que a fruição seja maior que o desejo. Certa dose de crédito inicial deve servir para despertar a curiosidade, não para empenhar o objeto. É muito melhor quando a realidade supera as expectativas, e algo se revela melhor do que imaginamos à princípio. Esta regra não vale para coisas ruins: quando se exagera o mal, ao conhecer a realidade, aplaude-se. O que se temia como desastroso chega a parecer tolerável.

ATENA: Consiste em suprema sabedoria aplicar a pitada correta de divulgação do que se almeja dar à luz. Fechar os contatos certos, verificar a oportunidade correta e a forma adequada de fascinar ao espírito é a forma suprema de angariar os almejados aplausos dos bons. Pois a reverência dos pouco capacitados ou dos sem gosto não nos fornece quaisquer valia. O interessante é saber cativar profundamente, em diversos níveis simultâneos, aos poucos de inteligência e gosto apurados. Então é que o verdadeiro trabalho, de superar o feito anterior - que é sempre básico se comparado ao atual - começa.