segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O Processo de Tomada de Decisão

Uma das funções mais importantes da administração é a tomada de decisão. Quando se toma uma decisão a questão da objetividade claramente se coloca. Como podemos garantir a objetividade de uma decisão? No caso em que essa decisão concerne ao trabalho de uma equipe, ou se refletirá nas pessoas, de que maneira se consegue compreender as diferenças de opinião, e como levá-las em conta no momento da tomada de decisão?

Para compreender o mecanismo de tomada de decisão vamos separar o tema central em outros quatro: problema da objetividade, a origem do conhecimento, a percepção e a inteligência (cognição).

Da consciência ao conhecimento

O conceito de percepção está, há muito tempo, vinculado ao problema do conhecimento. Desde a antiguidade, a começar por Platão (427-347 a.C.) e Aristóteles (384-327 a.C.), os filósofos se interrogam sobre algo que constitui uma característica essencial da espécie humana: a busca por conhecimento.

Para Aristóteles os sentidos fornecem os elementos necessários ao conhecimento e a razão os organiza, para torná-los inteligíveis. Segundo essa perspectiva existe o mundo, o dado da experiência concreta, e o julgamento diferente dos seres humanos é a fonte dos erros e mal-entendidos.

Objetividade e subjetividade

Quando se olha atentamente a questão da objetividade e da subjetividade percebe-se que o grande problema reside no fato de se ligar a objetividade à idéia de neutralidade, imparcialidade, verdade única e inteira e, logicamente, compreender-se a subjetividade como arbitrária, desigual e imaginativa. Acabamos transformando a questão em um problema moral, o que não é um passo muito inteligente.

Sabemos que na vida real, no dia a dia, nem tudo é "preto no branco" e mesmo a tal "objetividade imparcial" precisa de uma análise que abarque todas as possíveis variáveis envolvidas no processo decisório e isso é impossível. A objetividade prática é impossível. O que não quer dizer que não seja um bom ideal a ser buscado.

Aprendemos, nos negócios, que toda escolha exige abrir mão de algo em prol de outra coisa – que por algum ou alguns motivos específicos seja mais valioso para nós do que o que estamos abrindo mão - , mas parece que muitas vezes aprendemos isso só para depois enganarmos a nós mesmos crendo que seguimos fazendo várias escolhas lógicas, objetivas e imparciais. Caso essas escolhas existissem não diria que "todos", mas a maioria das pessoas fariam as mesmas escolhas e teriam resultados semelhantes. Sabemos que o mundo não é "preto no branco" assim.

No mundo real temos dois pontos importantes a considerar:

1. Ceticismo radical: Não podemos estar radical e absolutamente certos de coisa alguma (o imprevisto é sempre um fator a se considerar).

2. Senso comum: Podemos estar certos de alguma coisa mesmo que essa certeza não seja absoluta.

A partir dessa consciência é que podemos nos dedicar à tomada de decisão. Afinal, admitir que nossa decisão pode não ser inexoravelmente única e óbvia é abrir caminho para operarmos com novas possibilidades e estarmos mais atentos às mudanças nos quadros estratégicos e nas circunstâncias que envolvem a tomada de decisão. Optar por crer numa objetividade pura e simples é ater-se a uma possibilidade só, empobrecer nossa visão da realidade e buscar um ideal inalcançável. Sem considerar que em geral encurralamos nossas opções.

Adeus às certezas

"O intelecto humano não é luz pura, pois recebe influência da vontade e dos afetos, donde se poder gerar a ciência que se quer. Pois o homem se inclina a ter por verdade o que prefere. Rejeita as dificuldades levado pela impaciência da investigação, a sobriedade, porque sofreia a esperança; os princípios supremos da natureza em favor da superstição; a luz da experiência em favor da arrogância e do orgulho, evitando parecer se ocupar de coisas vis e efêmeras, paradoxos, por respeito à opinião do vulgo. Enfim, inúmeras são as formas pelas quais o sentimento, quase sempre imperceptivelmente se insinua e afeta o intelecto. (...) do mesmo modo, se antes da descoberta do fio da seda alguém houvesse falado: há uma espécie de fio para a confecção de vestes e alfaias que supera de longe em delicadeza e resistência e, ainda em esplendor e suavidade o linho e a lã, os homens logo se poriam a pensar em alguma planta chinesa, ou no pêlo muito delicado de algum animal ou na pluma ou penugem das aves, mas ninguém haveria de imaginar o tecido de um pequeno verme tão abundante e que se renova todos os anos. Se alguém se referisse ao verme teria sido objeto de zombaria, como alguém que sonhasse com um novo tipo de teia de aranha." – Francis Bacon

Segundo Laing (1966) a percepção é fruto de três fatores:

1. Do próprio estímulo
2. Da interpretação do estímulo graças às atividades cognitivas
3. Dos fenômenos psíquicos associados a esse estímulo, como a projeção

Vamos explicar como esses fatores constroem e influenciam a noção de "certeza", necessária para a tomada de decisões. A ilusão da certeza é explicada não apenas no plano psicológico mas também no plano biológico. A consciência gerada pela percepção gera fatalmente o sentimento de objetividade, os três fatores acima explicam esta "ilusão".

Em primeiro lugar nenhum de nós tem consciência de todas as atividades do sistema nervoso e mesmo que tivéssemos não teríamos como contabilizar os dados sensoriais que estimulam os receptores nem do tratamento a que o cérebro submete tais dados.

Em segundo lugar quando percebemos alguma coisa tampouco estamos conscientes da informação já memorizada que se ajunta aos dados sensoriais para completá-los, corrigi-los e lhes dar um sentido. Em outras palavras: não estamos conscientes dos sistemas de representação que são utilizados para construir as imagens presentes em nossas mentes.

Em terceiro lugar não temos consciência dos mecanismos de percepção subliminar que incorporam dados sensoriais à representação mental da situação.

Por que estudar a percepção?

Tomada de decisão

O estudo da percepção leva à compreensão dos fenômenos da consciência, a qual constitui ao mesmo tempo o domínio das crenças e das emoções e, conseqüentemente, da racionalidade das condutas e da afetividade. Todos esses fatores influenciam a tomada de decisões e suas conseqüências. Compreender melhor a percepção possibilita que possamos engendrar de maneira mais estratégica nossas tomadas de decisão e nossas posturas frente a situações novas.

Motivação

O estudo da percepção desvenda as atividades da inteligência e coloca em relevo a riqueza da subjetividade do indivíduo; dessa forma revela as necessidades e os campos de interesse da pessoa e valoriza a lógica de seus comportamentos no contexto em que ela se encontra, facilitando o processo consciente e inteligente de motivação do sujeito.

Os seguintes treinamentos aprofundam noções e técnicas práticas sobre percepção e tomada de decisões:

Arte da Guerra Oriental

Estratégia em Ação – Módulo básico

Liderança Corporativa e PNL

Renato Kress,
Diretor do Instituto Atena
Arte em Treinamento Especializado e Neurolingüística Aplicada

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