terça-feira, 24 de agosto de 2010

Liderança e Maturidade

A marca da liderança

A verdadeira marca de um líder é a vontade de ficar com um curso de ação ousada - uma estratégia de negócios não convencionais, um roteiro de desenvolvimento de produtos únicos, uma campanha controversa - assim como o resto do mundo se pergunta por que você não está em marcha passo a passo com o status quo. Em outras palavras: os verdadeiros líderes criam suas próprias tendências e lógicas de trabalho enquanto outros vagueiam atrás dos modismos estrategicamente disseminados na mídia. Eles entendem que, numa era de hiper-concorrência e perturbações “non-stop”, a única maneira de se destacar da multidão é a favor de algo especial. Esse algo especial necessita de um envolvimento pessoal e isso só se dá de suas maneiras:

Paixão
O primeiro é obtendo um envolvimento afetivo no processo de liderança, ou seja, deixar-se “apaixonar” por ele. O envolvimento pode ser por meio da raiva represada por qualquer motivo, da agressividade que necessita encontrar vazão e lhe fornece energia extra para novos trabalhos, da paixão por uma determinada idéia, do carinho para com determinada empreitada ou causa. Sem paixão a liderança vira rotina e se perde no fácil caminho dos modismos. Crie seu diferencial, apaixone-se!

Caráter
É importante estabelecer o seu estilo e, para que ele possa ser mantido (principalmente por você), é imprescindível que ele tenha a ver com o seu caráter pessoal. Ninguém consegue passar a maior parte da vida (acostume-se com a idéia, a maior parte da sua vida você passa trabalhando) representando um papel. Só para mencionar alguns riscos, do mais leve para o mais grave: deficiência cognitiva (dificuldade de aprender, memorizar e raciocinar), perturbação do processamento da informação e da comunicação, crises existenciais, desestruturação da personalidade e por aí afora. Portanto, antes de mais nada, trate de se conhecer! Só conhecendo bem seus alicerces um líder pode saber onde e como pode também, servir como um para a sua meta (seja ela uma empresa, sua carreira ou um grande projeto em específico).

Saber nada sobre tudo ou saber tudo sobre nada?
Dificilmente alguém será bom o suficiente para ser “bom em tudo” hoje. Mesmo os que passam essa idéia gastam rios de recursos com seus assessores e marqueteiros para construir essa imagem surreal de si mesmos e acabam virando alvos não só de admiração, mas também da inveja e dos gracejos alheios. Quanto mais perto estamos desses super-profissionais mais percebemos os grandes sacrifícios que fazem para manterem sua altíssima performance. Em geral esses sacrifícios acabam culminando em infartos, ataques cardíacos, acidentes vasculares etc. Para manter uma saúde relativamente boa, digna de quem compreende que a liderança é um processo que comporta vários tiros de 200 e 400m antes que se possa olhar para trás e perceber que corremos os 42km de uma maratona, é importante percebermos o poder do foco e da oportunidade.


Foco
Que tal se concentrar em um diferencial que esteja diretamente ligado ao seu caráter enquanto indivíduo e à sua meta enquanto profissional? Você pode ser: o mais elegante, o mais eficaz, o mais confiável, o mais focado, o mais estável, o mais amigável, o mais flexível etc.
Durante décadas, as organizações e seus líderes eram confortáveis com as estratégias e práticas que os mantinham no meio da estrada - que é onde os clientes estavam, isso é, onde se sentiam seguros e tranqüilos. Isso exigia ser muito bom em muita coisa, para demonstrar diferenciais estando sempre no mesmo rumo de seus concorrentes.

No novo mundo dos negócios, com toda a pressão midiática e profissional sobre a “mudança” (o fato da palavra estar como um predicado solto é mais um dos inúmeros fatores de instabilidade na mente do funcionário e do líder corporativo, a tal “mudança”, imperativa e incerta, espreita como uma armadilha eterna num tabuleiro de xadrez cujas cores dos quadrados mudam como numa danceteria), com tantas novas maneiras de fazer quase tudo, o meio da estrada tornou-se a estrada para lugar nenhum.

"Não há nada no meio da estrada, só listras amarelas e tatus mortos." - Jim Hightower

Ao que poderíamos acrescentar que, atualmente, as empresas e seus líderes lutam para fora da multidão, até mesmo quando eles jogam pelas mesmas regras em um mercado lotado de concorrentes, variantes e estímulos.


Oportunidade
O conceito de “oportunidade” é estudado a fundo pelo renascentista e filósofo político italiano Nicolau Maquiavel e não é à toa que muitos dos grandes líderes de todos os tempos têm como livro de cabeceira obras suas como “O Príncipe” e “A Arte da Guerra”. A oportunidade, ou a “occasione” como o pensador florentino a chamava, era justamente a habilidade que o “condottieri” (o “condutor” ou “líder”) deveria desenvolver para identificar e também para – preferivelmente - criar a melhor situação possível para realizar uma determinada ação. Dentro de uma teoria dos sistemas seria encontrar (ou influenciar para que se forme) a melhor configuração possível para depois implementar uma mudança dentro do sistema. Não é à toa que muitos cientistas políticos, especializados na obra de Maquiavel, têm sido contratados para formular estratégias empresariais junto a grandes administradores.

Não pensar diferente nem igual, pensar por si
É difícil superar a força da sabedoria convencional - formas estabelecidas de fazer as coisas, as formas familiares dos tamanhos dos mercados, seus ditames e modismos. É por isso que é difícil para muitos dirigentes fazerem algo realmente novo, efetivamente abraçar idéias únicas e inovadoras em um mundo cheio de pasteurização do pensamento. Creio que esse pequeno texto possa ser uma descrição sumária de algumas funções de liderança hoje.

Que hajam os líderes institucionais, os chefes e diretores burocráticos, como cientista político compreendo muito bem sua existência, mas na era da informação insandecidamente rápida e desordenada, precisamos de cérebros criativos, de seres humanos capazes de efetivamente concatenar idéias em torno de um único fim e tudo isso de forma inusitada, que demonstre um diferencial que agregue valor. Perdoem-me os que já conhecem a idéia, mas a melhor forma de finalizar esse pequeno artigo me parece ser citando um dos nossos maiores gênios:

“Para mim a melhor definição de loucura é ter sempre o mesmo comportamento e esperar resultados diferentes” - Albert Einstein

Texto: Renato Kress
Diretor do Instituto ATENA
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